Investimentos em tecnologias e capacitações, reuso da água, sustentabilidade, irrigação, o papel dos entes federativos e dos comitês de bacia, e a evolução da gestão em recursos hídricos no meio rural foram os temas discutidos no Webinar “A Gestão de Recursos Hídricos no Meio Rural”, promovido pela Agência Reguladora de Água, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa) nessa terça-feira (07/07). A diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Melo, participou do debate falando sobre a gestão dos recursos hídricos em Minas Gerais. O evento foi transmitido pelo canal Youtube AgroBrasília e fez parte das programações da Feira Virtual AgroBasília, que acontece de 6 a 10 de julho.
Durante o evento virtual, a diretora-geral destacou a importância das nascentes de algumas bacias de integração nacional e a necessidade da reservação de água nos processos agrícolas no momento de estiagem e do reuso de água. “Temos algumas regiões de grande importância agrícola em nosso estado e em algumas áreas a demanda extrapola a disponibilidade hídrica, por isso, a necessidade de adotarmos medidas eficazes para garantir o uso do recurso hídrico para todos”.
Marilia também citou o recente Webinar realizado pelo Igam, que abordou os aspectos legais da segurança de barragens de água em Minas Gerais, discorrendo sobre o cadastro de barragens, a escassez hídrica urbana devido à falta de saneamento e as águas de melhor qualidade nas áreas de maior vocação agrícola.
Sobre o reuso de água, a diretora-geral destacou que Minas Gerais passou a ser o terceiro estado a fazer reuso de água não potável no Brasil, por meio da Deliberação Normativa n° 65, que regulamenta o reuso direto de água não potável proveniente de Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs) de sistemas públicos e privados. Com a instituição da norma, aprovada pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), Minas se coloca em posição de destaque no país, uma vez que somente os Estados de São Paulo e Ceará já adotaram a modalidade que minimiza o impacto sobre o consumo de água potável. “Esse procedimento visa a regulamentar os processos de esgoto tratado para o uso agrícola, além disso, potencializa o reuso com nutrientes. São ações para garantir a segurança do agronegócio no Estado”, completou.
A secretária de Estado de Meio Ambiente de Goiás, Andrea Vulcanis, que também participou do Webinar, destacou o papel dos comitês de bacias em Goiás, além de outros assuntos como a demanda do consumo de água, mudanças climáticas e o regime de uso e ocupação do solo. Ela destacou a água como elemento de integração para a produtividade e sustentabilidade nos negócios e também citou a importância do envolvimento das pessoas afetadas com a falta do recurso hídrico e o trabalho de recuperação das bacias hidrográficas.
Cláudio Malinski, presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes do Rio Preto no Distrito Federal, disse que na bacia do Rio Preto “já estamos conseguindo trabalhar com os produtores fazendo uma gestão compartilhada. O diretor da Adasa, Jorge Werneck, chamou atenção para os trabalhos desenvolvidos na bacia do Ribeirão Pipiripau, inserido na bacia do Rio São Bartolomeu, maior bacia hidrográfica do Distrito Federal, como a alocação negociada de água que consiste em negociar com o produtor, discutir sobre a queda nas vazões e fazer um processo de alocação para que os níveis de água fiquem aceitáveis. “Há também uma negociação entre os produtores para fazer a gestão do uso dos recursos hídricos”, completou.
Já o diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), Oscar Cordeiro Netto, lembrou-se dos últimos 30 anos de gestão de água em Brasília, do papel da universidade, e reforçou que a gestão sustentável dos recursos hídricos no Brasil é um desafio, tendo em vista o enorme aumento de áreas irrigadas e de pivôs centrais. De acordo com ele, a perspectiva para a irrigação nos próximos 10 anos será de um aumento de 45%.
Oscar Cordeiro citou o exemplo do Rio São Marcos, curso de água que divide os estados de Minas Gerais e Goiás, entre as cidades de Paracatu e Cristalina. “No município de Cristalina,por exemplo, a gestão dos recursos hídricos é compartilhada para o consumo, irrigação na região do cerrado e para a geração de energia”, disse.
Na finalização do webinar, o diretor da Adasa, Jorge Werneck, fez o lançamento do Mapa de Irrigação, importante ferramenta de apoio ao gerenciamento dos recursos hídricos no DF. De acordo com o estudo, dos 34 mil hectares de área irrigada, pouco mais de 15 mil hectares utiliza pivôs-centrais. Os dados confrontados com o mapeamento de outorgas identificaram que dos 9.444 registros de concessão, 4.301 são para a irrigação, o que representa 46% das outorgas concedidas. Segundo Jorge Werneck, o Mapa de Áreas Irrigadas no DF passa a ser oprincipal instrumento de planejamento e de execução de ações de fiscalização dos Recursos Hídricos e será considerado nos processos de concessão e revisão de outorgas.
O Webinar foi mediado pelo diretor-presidente da Agência Reguladora de Água, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Paulo Salles.
Ângela Almeida
Ascom/Sisema